Anderson Silva foi o grande responsável por conferir popularidade às artes marciais mistas (MMA) no Brasil. Com um currículo que inclui 17 vitórias e duas derrotas no UFC, a principal competição do esporte, o lutador, apelidado de Spider (Aranha), foi, até 2013 e durante sete anos, o atleta que por mais tempo esteve de posse de um cinturão de campeão do evento. Tornou-se, assim o maior da história. Silva retornou ao octógono no UFC 183, em 31 de janeiro, após passar cerca de nove meses se recuperando de uma fratura na perna esquerda. Venceu a luta, mas não ficou com a vitória porque, três dias depois dela, foi revelado que havia testado positivo para esteroides e anabolizantes em um exame surpresa 22 dias antes do confronto. O revés não parou por aí. O brasileiro, que estava escalado para ser um dos técnicos do TUF Brasil, espécie de reality show que revela novos talentos para o UFC, foi dispensado do posto. Mais: parte do bônus que ele ganhou pela vitória no UFC 183, cerca de R$ 565 mil, corre o risco de ser caçada. O pior, porém, ainda estava por vir. Na quinta-feira 12, vazou a informação de que Silva foi pego em um segundo antidoping.
A notícia, divulgada pelo respeitado site norte-americano MMA Junkie, partiu de fontes ligadas à Comissão Atlética de Nevada (NSAC), responsável por regular o controle antidoping em Las Vegas, onde o brasileiro disputou o UFC 183 contra o americano Nick Diaz. O site não soube dizer a data desse segundo exame e nem quais substâncias proibidas foram encontradas. O site Combate.com, por sua vez, cravou se tratar de um teste de urina feito no dia da luta contra Diaz. A NSAC, até o fechamento desta edição, não havia se pronunciado oficialmente sobre o fato. Por meio de sua assessoria, o UFC informou que “a confirmação deve ser feita com a Comissão Atlética de Nevada, instituição responsável pela realização e divulgação dos resultados dos exames”.
Independentemente da confirmação oficial, o fato é que o maior lutador de MMA da história, aos 39 anos e já inclinado a encerrar a carreira, mesmo depois da vitória sobre Diaz, parece caminhar para por um ponto final melancólico em uma trajetória recheada de grandes conquistas. “A mancha de um doping fica na carreira de um atleta para sempre, mesmo que ele seja absolvido”, afirma Alberto Murray Neto, ex-atleta e ex-árbitro da Corte Arbitral do Esporte, que fica na Suíça. Murray cita como exemplo o episódio vivido pelo nadador Cesar Cielo, no Mundial de Xangai, na China, em 2011. Meses antes da competição, o brasileiro havia testado positivo para um diurético proibido, mas havia sido absolvido. Liberado para o Mundial, Cielo conquistou dois ouros, mas foi vaiado por torcedores e atletas.
Para o ex-lutador de MMA Carlão Barreto, hoje dirigente esportivo, o revés vivido por Silva reforça uma política que vem sendo intensificada pelo MMA, de não proteger lutadores que tentem tirar vantagem por meio do uso de substâncias proibidas. “A imagem do Anderson ficou arranhada com esse doping. Criou-se uma sombra sobre o legado que ele construiu, infelizmente”, diz Barreto.
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